Putin anuncia que Rússia
aprovou a primeira
vacina contra covid-19
12.08.2020 -
Presidente russo diz que
uma de suas filhas já
foi inoculada e passa
bem. Velocidade do
processo de aprovação e
falta de transparência,
no entanto, provocam
ceticismo na comunidade
científica
internacional.
O
presidente da Rússia,
Vladimir Putin, anunciou
nesta terça-feira
(11/08) que a vacina
contra o coronavírus
desenvolvida no país foi
aprovada para uso e que
uma de suas filhas já
foi inoculada. Durante
uma reunião
governamental
transmitida pela TV,
Putin disse que a vacina
se mostrou eficiente
durante os testes,
oferecendo imunidade
duradoura contra o
coronavírus.
"Esta
manhã, pela primeira vez
no mundo, uma vacina
contra o novo
coronavírus foi
registrada", disse Putin.
"Sei que é bastante
eficaz, que proporciona
imunidade duradoura."
Ele acrescentou ainda
que uma de suas duas
filhas recebeu a vacina
e está se sentindo bem.
"Uma de minhas filhas
foi vacinada, dessa
forma, participado da
fase de testes. Após a
primeira vacinação,
ficou com 38 graus de
temperatura, no dia
seguinte tinha 37 graus
e pouco. E foi tudo."
O
presidente não disse
qual das suas filhas foi
inoculada. Putin tem
duas filhas, Maria, de
35 anos, e Ekaterina,
34. Depois do anúncio de
Putin, autoridades do
país informaram que a
vacina recebeu o nome de
"Sputnik V", em
referência ao pioneiro
satélite soviético
lançado nos anos 1950,
que marcou o início da
corrida espacial.
Autoridades russas
disseram que
profissionais da área
médica, professores e
outros grupos de risco
serão os primeiros a ser
vacinados.
A Rússia
é o primeiro país do
mundo a registrar e
aprovar para uso da
população uma vacina
contra o coronavírus. No
entanto, muitos
cientistas no país e no
exterior têm se mostrado
céticos com as
declarações do governo
russo, questionando a
decisão de registrar a
vacina antes mesmo dos
testes de fase 3, que
normalmente duram meses
e envolvem milhares de
voluntários.
Também há
desconfiança sobre a
falta de publicação de
dados em publicações
científicas que atestem
sua eficácia. Pouco se
sabe também sobre as
fases de todo o processo
de pesquisa e quantas
pessoas foram
efetivamente testadas.
No início
de agosto, o Ministério
da Saúde do país
anunciou que os ensaios
clínicos da vacina
contra a covid-19
desenvolvida pelo Centro
Nacional de Pesquisa
Epidemiológica e
Microbiológica da Rússia
(Gamalei) haviam sido
concluídos, e que o país
havia iniciado a etapa
de registro. Na semana
passada, um porta-voz da
Organização Mundial da
Saúde (OMS), enfatizou,
sem citar a Rússia, que
é preciso cautela em
relação a declarações
sobre a eficácia de
novas vacinas.
"Às
vezes, pesquisadores
afirmam que encontraram
algo. Isso é,
obviamente, uma boa
notícia", disse
Christian Lindmeier.
"Mas há uma grande
diferença entre
descobrir, ou ter uma
pista, de uma vacina que
funcione e passar por
todas as fases",
concluiu.
A Rússia
é o quarto país com mais
casos de covid-19 no
mundo, com mais de 890
mil infecções pelo
coronavírus. Quase 15
mil pessoas morreram em
consequência da doença
no país.
DW