“Cheguei a Portugal
com 24 mil
kwanzas no bolso”
19.07.2017 -
A atravessar uma
nova fase da sua
carreira
profissional, o
actor e apresentador
Sílvio Nascimento acaba
de ser nomeado para
os Globos de Ouro de
Angola. Actualmente
a residir em
Portugal, escolheu a
zona de Alcochete
para revelar alguns
detalhes da sua nova
personagem “Chico
Guedes” da novela
Vidas Opostas do
canal português, SIC.
O restaurante
O Farnel
foi o local
escolhido pelo
premiado actor, que
tem na gastronomia
portuguesa um
aconchego para
enfrentar as
saudades de Angola.
“O
´Chico´ quase
que nunca come
enquanto estou a
gravar, por
isso escolhi
este restaurante
para vos contar
um pouco deste
personagem”
revela.
Visivelmente
satisfeito e a
atravessar uma
boa fase
profissional
Sílvio
Nascimento foi
para Lisboa com
um amigo para
participar em
alguns castings.
Nem tudo foi
fácil e para o
papel na sua
primeira novela
em prime time
esperou 8 meses
para que a
produtora SP
Televisão lhe
desse uma
resposta. “Fui
seleccionado
para a novela da
SIC “Amor Maior”
que foi um
sucesso tremendo
onde desempenhei
a personagem
“Augusto. No
entanto como me
queria
estabelecer num
sítio onde
tivesse maior
valorização da
minha carreira decidi
estabelecer-me
em Portugal”,
desvenda Sílvio.
Paralelamente
iniciou a sua
carreira como
apresentador no
programa Duelo
das Estrelas do
canal Mundo Fox,
da DSTV, onde
durante 3
temporadas teve
uma “uma
experiência
maravilhosa”.
E como não desiste,
o também agora
apresentador está a
abraçar desde
Janeiro o projecto
“Bem-Vindos da RTP
África em que em
parceria com a
apresentadora
Cláudia Leal leva o
melhor de África
todos os dias aos 6
países da comunidade
lusófona e também ao
mundo inteiro
através da RTP
Play.
Considera Portugal
um país próspero
para o crescimento
da sua carreira como
actor, mas nem tudo
foi fácil. “Nunca
contei isto a
ninguém, mas hoje
vou contar! Quando
cheguei a Portugal
eu tinha comigo 86
euros no bolso (24
mil kwanzas), no
entanto vim para
ficar uma semana e
acabei ficando dois
meses. Mesmo
tendo sido aprovado
para a novela acabei
por ter de viver com
aquele dinheiro. As
dificuldades não
foram poucas e nem
gigantescas, e eram
mais financeiras.
Estava numa cidade
desconhecida onde
não tinha amigos,
não tinha familiares
até que apareceu uma
prima que estava cá
de férias, onde
fiquei 15 dias na
casa dela.”
Sempre sem desistir
Sílvio contou com o
apoio de um amigo e
passaram a partilhar
casa juntos.
“Começámos a dividir
as contas e aí
começámos a batalhar
pela vida. A fazer
castings noutros
sítios. Mas não há
dificuldades sem
soluções.”
E é de trabalho que
os olhos do actor
vivem brilham.
“Agora vou falar-vos
da personagem que
estou a viver agora. O
Chico é um pau
mandado. É um homem
que é um executor.
Ele faz parte de doping
da novela e é o
executor de todos os
trabalhos que o
Álvaro, o actor português
Rui Morrison, quer
que ele faça, uma
vez que ele é o
barão da rede de
doping. O Chico não
tem escrúpulos, não
tem medo nenhum de
sujar as mãos. De
roubar, de matar
tudo isso
em prol da rede. É o
personagem mais frio
que eu já interpretei
porque não tem
emoções. Não
é um psicopata, não
é um sociopata, é um
assassino. Pode ser
o seu nível de
psicopatia mas é um
homem frio. É um
personagem
desafiante devido às
suas diferenças de
personalidade, mas é
um desafio em grande
e espero que seja em
grande e possa
crescer cada vez
mais”, conta.
Cada
vez mais querido
pela comunidade
da CPLP Sílvio é
sempre
questionado por
desempenhar
personagens
“más” e já se
viu envolvido em
algumas
peripécias. “
Perguntam sempre
porque é que eu
faço personagens
de mau ou vilão.
Em regra os
personagens de
vilão são muito
difíceis de se
fazer e não é
fácil darem esse
papel a um actor
que está a
começar num país
e realidade
desconhecida.
Mas pelo facto
de me dedicar
muito a esses
personagens que
eu faço o
realizador e a
produção
propõem-me esse
desafio. Se eu
tiver que dormir
no lixo, durmo
no lixo. É por
isso que confiam
no meu
trabalho.”
Para além do
“Chico”, Sílvio é
agora conhecido
também por “Bingo
Roses”. Um projecto
do cantor C4
Pedro que o convidou
para desempenhar
esta personagem numa
série de 12
capítulos que
converge o universo
da língua portuguesa
e que acaba por ser
uma homenagem ao seu
falecido irmão. “É
um personagem
difícil para mim
também pois envolve
emoções fortes, mas
o “The Gentleman”
é um trabalho que
estou a fazer com
uma entrega incrível
e onde tenho toda a
liberdade para
participar”.
Mesmo com todos
estes desafios, o
multifacetado
artista não perde a
humildade e está
rendido à
gastronomia
portuguesa e feliz
por agora ter a sua
família por perto.
“Continuo a ser
mesmo menino do
Lubango e quando
chego a casa dispo
os meus personagens.
Sou da paz e para
mim a interpretação
é um processo muito
sério”, remata.
Restaurante O
Farnel, Alcochete
Fim/VST-Jornal Transparência