Artista
são-tomense
René
Tavares expõe “In Memory
We
Trust” em
simultâneo em Lisboa e
Luanda
20.05.2021 -
René
Tavares, artista
são-tomense, vai expor
In Memory We Trust, em
simultâneo em Lisboa e
Luanda, numa promoção à
reflexão em torno das
noções de memória,
história, tradição,
património e
miscigenação. A
exposição acontece nos
espaços da galeria This
Is Not a White Cube, de
27 de Maio a 17 de
Julho.
A mostra
integra mais de 30 obras
produzidas entre 2012 e
2021, muitas das quais
inéditas e expõe,
através de dois núcleos
distintos – divididos
entre Lisboa e Luanda –
uma variedade
significativa de meios
que vão da pintura ao
desenho, passando pela
fotografia e pela
instalação.
No núcleo
angolano, o artista
explora os temas da
migração e do património
que têm sido, ao longo
dos anos, um motor
consistente de inovação
e criatividade na sua
produção artística, para
no núcleo português dar
maior expressão a temas
como a memória e a
herança cultural.
A
persistência do conceito
de layer e do conceito
de miscigenação define a
estrutura principal da
exposição, numa visão
transposta da própria
obra de René Tavares,
que introduz
reiteradamente
combinações conceptuais
inevidentes, referências
culturais e patrimoniais
cruzadas e soluções
plásticas compostas.
Os
múltiplos estratos que,
material e plasticamente
se somam em cada obra de
René Tavares – seja ela
pintura, fotografia ou
desenho – encontram uma
reciprocidade na sua
estruturação conceptual.
O
processo de aglomeração
de camadas, decorre da
transposição para a obra
de um olhar que se pode
definir como
arqueológico ou
estratificado sobre a
cultura ancestral
santomense do Tchiloli –
espetáculo tradicional
santomense de origem
europeia –, que o
artista recupera,
representa e
reinterpreta
plasticamente no núcleo
de Luanda.
O resgate
da imaterialidade do
Tchiloli, visto à lupa
da produção artística
contemporânea que René
Tavares consubstancia, é
declarado neste
exercício que documenta
o cruzamento entre as
narrativas pessoais –
dos actores que o
interpretam – e as
narrativas históricas
mais abrangentes – que
os personagens encenam
nas ruas de São Tomé e
Príncipe.
“Two
Lives Tchiloli” é a
série fotográfica mais
antiga que integra a
exposição, e uma das
que, de forma mais
clara, consubstancia
esta ideia de encontro
entre o passado e o
presente, entre o
individual e o
colectivo, entre as
narrativas pessoais e as
narrativas históricas,
numa dupla, mas una
composição, traduzindo
visualmente o encontro
entre três povos – o
português, o francês e o
santomense – e a herança
que daí adveio.