Nova lei das zonas
francas em São Tomé e
Príncipe
já atraiu investidores
04.08.2022 -
A nova
Lei para zonas francas
de São Tomé e Príncipe,
alvo de controvérsia
política no país e ainda
por promulgar, já levou
"quatro grandes
empresas" estrangeiras a
manifestarem-se
interessadas em investir
no país, disse hoje o
presidente da agência de
investimento
são-tomense. Numa
entrevista à Lusa por
telefone, Arzemiro
Prazeres realçou que
desde que o novo diploma
entrou em discussão pela
Assembleia Nacional "já
existem quatro grandes
empresas (...) que estão
disponíveis para
investir".
Sem
querer revelar nomes dos
potenciais investidores,
por se tratar apenas de
manifestações de
intenção de
investimento, o
responsável da Agência
de Promoção do Comércio
e Investimento (APCI)
explicou que se tratam
de "sul-africanos,
canadianos, monegascos"
e a sociedade promotora
da já existente zona
franca de Malanza, da
qual apenas conhece um
acionista bielorrusso
que "aparece e dá a
cara".
Um dos
potenciais novos
investidores, segundo
Arzemiro Prazeres,
manifestou interesse em
"investir num novo corpo
de atividades francas e
off-shore, que vai
surgir, porque Zonas de
Prosperidades [como são
designadas na nova lLei]
era o que eles mais
estavam à espera". E,
"como é óbvio, (...)
quando chega um grupo de
investidores, quer ver
toda a gente.
Então
foram ver o presidente
da Assembleia Nacional,
o Primeiro-ministro e
foram ver também o
Presidente da
República", explicou. A
todas aquelas entidades
o grupo disse a mesma
coisa: "Nós temos um
grande projeto para São
Tomé e Príncipe, que
vamos fazer baseado na
nova lei", sublinhou.
De acordo
com o mesmo responsável
da agência são-tomense
de investimento, o
investidor contou-lhe
durante o encontro da
semana passada, que na
reunião com o Presidente
da República de São Tomé
e Príncipe, Carlos Vila
Nova, este lhe perguntou
o que achava da nova
lei, objeto de polémica.
Ao que o
investidor terá
respondido: "Há muito
tempo que São Tomé e
Príncipe não tinha uma
Lei tão bem feita (...),
que faz com que a gente
venha investir com
segurança", dise
Arzemiro Prazeres na
conversa com a Lusa,
assegurando estar a
repetir "ipsis verbis" o
comentário do
investidor.
O diploma
em questão já foi vetado
duas vezes pelo PR
Carlos Vila Nova. Mas a
28 de julho, os 28
deputados da maioria
parlamentar são-tomense
anularam o veto do
Presidente da República
à lei das atividades
francas e 'offshore' e
aprovaram uma resolução,
forçando o chefe de
Estado a promulgar o
diploma em oito dias.
"Foram
anulados os respetivos
atos normativos de veto
e devolução da lei que
aprova o código das
atividades francas e
offshore", lê-se na
resolução aprovada
naquele dia pelos
deputados da 'nova
maioria', nomeadamente
23 deputados do
Movimento de Libertação
de São Tomé e
Príncipe/Partido Social
Democrata (MLSTP/PSD) e
cinco da coligação
PCD-MDFM-UDD.Os
deputados da 'nova
maioria' defendem que o
Presidente da República,
Carlos Vila Nova, deve
aprovar a lei das
atividades francas e
'offshore', após esta
ter sido aprovada em
segunda deliberação por
29 deputados, sendo este
número definido por um
parecer de uma comissão
especializada como
representativo da
maioria qualificada
necessária para anular o
veto do chefe de Estado.
O
parlamento são-tomense
tem 55 deputados.Numa
conferência de imprensa,
na véspera, o presidente
da Assembleia Nacional,
Delfim Neves, disse que
o Presidente da
República vetou a lei
pela segunda vez
argumentando que "não
estão reunidas as
condições para que 29
deputados representem
maioria qualificada".
A
resolução aprovada pelos
28 deputados da 'nova
maioria' estabelece o
arquivamento do veto do
chefe de Estado e o
reenvio da lei para
promulgação no prazo de
oito dias, findo o qual,
"considera-se o ato de
promulgação tacitamente
realizado e o envio do
diploma para a
publicação" no Diário da
República.
Os
deputados do Movimento
de Cidadãos
Independentes e da Ação
Democrática Independente
(ADI) votaram contra a
decisão de anulação do
veto presidencial, tendo
os membros do grupo
parlamentar da ADI,
exceto o deputado e
vice-presidente do
parlamento, Levy Nazaré
(que se absteve na
votação), abandonado a
plenária antes da
votação da resolução.A
26 de julho, a Ação
Democrática Independente
acusou o presidente do
parlamento são-tomense
de forçar a aprovação da
lei das zonas francas e
offshore e incluir o
país no grupo de
paraísos de crime
internacional e lavagem
de dinheiro."Estamos na
iminência de um golpe de
Estado institucional que
resultará na venda a
saque de São Tomé e
Príncipe.
Se forem
para frente com este
plano o nosso país cairá
para o poço dos Estados
falhados e paraísos de
crime internacional e
lavagem de dinheiro",
disse hoje o
secretário-geral da ADI,
Américo Ramos, numa
conferência de imprensa
onde esteve acompanhado
pela vice-presidente e o
líder parlamentar da ADI
(oposição),
respetivamente, Celmira
Sacramento e Abnildo
Oliveira.
(noticias
ao minuto)