São Tomé e Príncipe
ambiciona diminuir a
dependência
dos combustíveis fósseis
25.07.2022 -
Esta Conferência, que
decorre ainda durante o dia
de amanhã, 21 de Julho,
destaca-se por ser a
primeira vez que São Tomé e
Príncipe acolhe uma
Conferência Internacional
dedicada ao debate sobre a
Energia Sustentável, numa
altura em que é necessário
impulsionar a criação de
estratégias e de objectivos
a cumprir para tornar a
transição energética do país
numa realidade até 2030 e
2050.
Ao longo
deste dia o Palácio de
Congressos acolheu mais de
200 participantes, e
estendeu-se ao formato
online e com interpretação
simultânea para que o
diálogo sobre a Energia
Sustentável cruzasse
fronteiras. O evento foi
assinalado pela participação
do Presidente da República,
Carlos Vila Nova, que abriu
a Conferência afirmando que
“a aposta nas energias
renováveis deve ser um
desígnio nacional” e que “a
geração de hoje já não
tolera a falta de energia''.
A injustiça
energética não pode
continuar, mas a
democratização não pode ser
feita com a matriz atual
pois os combustíveis fósseis
tem um peso elevado no
erário público, nas empresas
e nas famílias, mas também
severos impactos
ambientais.”
Acrescentou
ainda que a situação está a
agravar-se, com a energia
fóssil e biomassa ainda a
dominarem a produção de
energia, muito por via das
características
socioeconómicas das
populações”. “Em São Tomé
assumiram-se várias
políticas e estratégias
sectoriais, no sentido de
criar um quadro legal claro
e atractivo que estimule a
inversão da actual matriz
energética.
Foram também
aprovados e desenvolvidos
diversos projectos, que em
conjunto visam reduzir o
consumo de combustíveis
fósseis, e incentivar a
aposta em energias
renováveis, de forma a
atenuar a dependência
energética do país, promover
segurança energética,
proteger o ambiente e servir
melhor as empresas e a
população de São Tomé e
Príncipe”, afirmou.
Também o
Ministro dos Recursos
Naturais e Energia, Osvaldo
Cravid Viegas Abreu fez-se
representar e salientou que
os esforços desenvolvidos
até agora foram importantes,
mas ainda insuficientes e
que “tem de ser feito muito
mais”.
“É necessário
mudar o actual retracto do
sistema energético, para ter
uma energia eficiente de
qualidade. Temos previstos 5
contratos num total 55MW de
fotovoltaica; 10MW de
biomassa e 1,5MW de energia
oceânica, como também um
projecto para substituição
de contadores. Atualmente o
País consome 90 mil litros
de gasóleo por dia que com
um custo de 30 dobras por
litro, as despesas são de 2
milhões de dólares diários
em manutenção. O Ministro
dos Recursos Naturais e
Energia acrescentou ainda
que “eficiência energética
não é só tecnologia, somos
todos nós. Cada cidadão tem
um papel, uma mudança de
mentalidades é essencial
para esta transição”.
Ainda durante
a sessão de abertura, Rui
Fernando Sucena do Carmo,
Embaixador de Portugal em
São Tomé e Príncipe, marcou
presença e assinalou a
necessidade em “aproveitar o
potencial de Energias
Renováveis do País para
suportar o aumento da
procura e tornar a matriz
energética mais limpa e
sustentável”, referindo que
“existe um objectivo
nacional estabelecido pelo
governo mas há ainda um
longo caminho para fazer
como o reforço da capacidade
institucional em diferentes
áreas sectoriais para apoiar
o crescimento da economia
verde e azul e da junção de
esforços para o
desenvolvimento de
parcerias” Eric Jan Overvest,
Coordenador Nacional das
Nações Unidas em São Tomé e
Príncipe fechou a Sessão de
Abertura afirmando que São
Tomé e Príncipe encontra-se
num “processo de transição
energética que ambiciona
diminuir a dependência dos
combustíveis fósseis para a
produção de electricidade e
garantir o acesso à energia
a 100% dos seus cidadãos e
que está reflectido no Plano
de Desenvolvimento do Sector
a Baixo Custo e no Plano
Nacional de Energias
Renováveis e Eficiência
Energética” e acrescentado
que existe igualmente a
“vontade e o pacto nacional
de alcançar os 47% de
produção de electricidade a
partir de fontes renováveis
até 2030”.
Durante este
primeiro dia da Conferência,
foram debatidos cinco
painéis dedicados à
“Política Energética do
Governo no Quadro da
Transição Energética”, ao
“Sector Energético de São
Tomé e Príncipe - Desafios e
Oportunidades”, a
“Experiências Internacionais
de Energia Renovável”, ao
“Enquadramento Regulatório”,
ao “Contributo das Energias
Renováveis para Promover
Resiliência Climática e um
Desenvolvimento Sustentável”
e, ainda, a “Projectos de
Energia Renovável Ligados à
Rede”.
No segundo
dia da Conferência, o evento
contou com a participação de
oradores do Programa das
Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD), da
Direcção Geral dos Recursos
Naturais e Energia de São
Tomé e Príncipe (DGRNE), do
Banco Africano para o
Desenvolvimento, do Fundo
Verde para o Clima e, até,
da Organização das Nações
Unidas para o
Desenvolvimento Industrial (ONUDI),
distribuídos em cinco
painéis diferentes dedicados
a temas como “Promoção de
Igualdade de Género e
Empreendedorismo Jovem”,
“Promoção do Investimento
Privado”, “Eficiência
Energética e Mobilidade
Eléctrica”, entre outros.
Durante o
painel “Promoção de
Igualdade de Género e
Empreendedorismo Jovem”,
foram conhecidas as
vencedoras do Programa de
Energia Sustentável para
Mulheres (PESM) organizado
pela ALER, e que tem como
principal objectivo o
empoderamento e a
capacitação de mulheres de
São Tomé e Príncipe, Cabo
Verde e Guiné-Bissau, de
forma a fomentar a igualdade
e a equidade de género no
desenvolvimento do sector de
energia.
Durante os
últimos 6 meses as
candidatas tiveram sessões
de formação e capacitação,
webinars, workshops,
conversas com mulheres
inspiradoras, sessões de
mentoria e networking que
lhes permitiram desenvolver
novas competências com vista
à elaboração e concretização
dos seus projectos.
O Primeiro
Ministro de São Tomé e
Príncipe Jorge Bom Jesus
encerrou o evento
salientando que “é evidente
o comprometimento do Governo
na orientação política,
gestão e regulamentação do
sector energético em
colaboração com os diversos
parceiros para promover uma
transição energética, com
tudo o que isso significa em
termos de poupança e
mitigação de riscos”.
Indicou ainda que “o país
vive actualmente um período
crítico de custo
insustentável da energia,
pelo que é cada vez mais
evidente a importância de
alcançar o objectivo de 70%
de energias renováveis na
matriz energética nacional,
até 2030, conforme os
compromissos assinados,
através de uma aposta em
produção fotovoltaica,
hídrica, biomassa e energia
dos oceanos, redes
inteligentes ou mobilidade
eléctrica, para substituir
as energias de origem
fóssil”.
Martin
Lugmayr da Organização das
Nações Unidas para o
Desenvolvimento Industrial
(UNIDO) assinalou que
“perante os preços actuais
do petróleo, quando falamos
em energia renovável não
estamos a falar apenas
alterar o sector da energia.
mas sim em como podemos
tornar São Tomé e Príncipe
numa economia mais
competitiva e mais
resiliente aos impactos das
alterações climáticas. Neste
compromisso governamental
para a transição energética
importa destacar as
conclusões dos novos Plano
Nacional para Energia
Renovável (PANER) e Plano
Nacional para Eficiência
Energética (PANEE), que
estabelecem cenários para
todo o sector de energia até
2030 e 2050. No sector
eléctrico o cenário prevê
uma penetração das energias
renováveis em 70% da
capacidade instalada até
2030 e 2050, e uma redução
do consumo de energia de 9%
em 2030 e 13% em 2050. Essa
mudança representa uma
enorme poupança para o país,
que deixa assim de importar
tanto combustível,
libertando recursos para
investimento em saúde,
educação, usos produtivos e
adaptação climática.”
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