Governo anuncia crédito
de três milhões de
dólares
para apoiar agricultura
01.10.2020 -
O Governo são-tomense
anunciou que “dentro de
uma semana” colocará nos
bancos três milhões de
dólares (2,5 milhões de
euros) para créditos “ao
setor primário e
agricultura em
particular” para fazer
face aos efeitos da
pandemia de covid-19.
“Há cerca de três
milhões de dólares
disponível para podermos
atribuir créditos
aqueles que
verdadeiramente querem
trabalhar”, disse o
primeiro-ministro, Jorge
Bom Jesus, no ato
central para assinalar o
45.º aniversário da
nacionalização das
roças.
“Vamos ter que controlar
esse crédito, não vai
ser como os vários
créditos que foram
distribuídos a longo de
45 anos e que cada um
comeu ou utilizou para
outros fins. Este
crédito é para
desenvolver o setor
privado, desenvolver o
país, para criar
emprego, sobretudo
emprego jovem”, explicou
o chefe do executivo.
Jorge Bom Jesus lembrou
que na administração
pública do país,
sobrecarregado com cerca
de 11 mil efetivos “já
não há espaço para meter
mais gente”.
O ato central para
assinalar a efeméride,
considerado pelo
primeiro-ministro como
“a segunda data mais
importante depois do 12
de julho [dia da
independência]” foi
realizado em Colónia
Açoreana, uma comunidade
agrícola a cerca de 25
quilómetros a sul de São
Tomé.
“Foi o primeiro passo
que a República deu no
sentido de ter uma
verdadeira independência
económica”, defendeu
Jorge Bom Jesus,
contrariando opiniões
que defendem que 30 de
setembro “é uma data
esvaziada de conteúdo
porque as roças já não
pertencem ao Estado”.
“Nós somos um dos países
mais pequeno da África,
um território
arquipelágico
completamente fechado
com essa muralha do mar,
mas é um país
abençoado”, explicou o
governante, sublinhando
que o seu país “tem tudo
para dar certo”. E
acrescentou: “Deus
colocou tudo aqui, a
nossa pobreza não é
culpa da natureza, não é
culpa de Deus. Nós é que
estamos a chamar a
pobreza para aqui e
temos que virar isso”.
O governante apelou aos
são-tomenses para serem
“o dono” dos seus
destinos, referindo que
“a cooperação
internacional” está no
país para apoiar, mas
terão de ser os
nacionais a “assumir as
rédeas” do que querem no
presente e no futuro.
Jorge Bom Jesus
sublinhou que os efeitos
da pandemia de covid-19
“mostrou que o
são-tomense tem
capacidade” e que o
“país tem
potencialidade, tem
oportunidade” e que só
falta “colocar a mão na
terra”.
O primeiro-ministro
reconheceu que é
necessário “repensar,
refundar o país de
atitudes de práticas e
comportamento em relação
ao desenvolvimento”. O
lançamento de uma
campanha de produção da
matabala (tubérculo)
como parte de um plano
nacional de resposta à
covid-19 marcou a
comemoração da
efeméride. Matabala é um
produto bastante
importante na dieta
alimentar da população,
de elevado valor
nutricional para
crianças e adultos.
O lançamento da produção
em larga escala da
matabala enquadra-se na
campanha denominada
“Vamos Plantar para
Conseguirmos o que
Comer”, que beneficia
1.136 agricultores para
os quais já serão
distribuídos 200 mil
estacas de mandioca, 146
mil plantas de batata
doce, 26 mil plantas de
limoeiro, 1,5 toneladas
de milho, uma tonelada
de soja e 30 mil plantas
de banana pão.
O ministro da
Agricultura, Pescas e
Desenvolvimento Rural,
Francisco Ramos,
lamentou a “forma
leviana, gratuita e
irresponsável” como
alguns cidadãos recorrem
ao “corte desordenado,
anárquico e abusivo de
árvores nas parcelas
cedidas pelo Estado para
agricultura”.
“É de todo o interesse
que o Estado reaja,
acionando mecanismos
institucionais no
sentido de se por cobro
a uma situação grave”,
disse Francisco Ramos.
O ministro anunciou para
meados de novembro um
“encontro de coordenação
de parceiros de
desenvolvimento agrícola
e corpo diplomático”,
que se destina a
“harmonizar as ações e
apoios necessários para
a implementação de
programas e projetos
futuros” no domínio
agrícola.
Em junho, o ministro
anunciou que o Governo
“conseguiu arrecadar 25
milhões de dólares” de
parceiros,
designadamente do Fundo
Internacional de
Desenvolvimento Agrícola
(FIDA), Agência Francesa
de Desenvolvimento,
Fundo de Adaptação de
Mudança Climáticas e
Fundo Mundial do
Ambiente, com os quais
pretende “dar o salto
qualitativo no setor
primário”.
A representante em São
Tomé e Príncipe do
Programa das Nações
Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD),
Kataryna Wawiernia,
também participou na
celebração do 45.º
aniversário do Dia da
Nacionalização das
Roças. Wawiernia referiu
que o incremento da
produção da matabala
aumentará o “acesso
deste produto à
população mais
vulnerável, melhorando
assim a segurança
alimentar”.
“A iniciativa poderá
melhorar igualmente
outro grande objetivo
estratégico do
Ministério da
Agricultura que é a
substituição gradual da
importação de produtos
alimentares pela
produção local”,
defendeu a representante
do PNUD.