Direito das colónias 
														portuguesas à 
														autodeterminação e 
														independência ganhou 
														enquadramento legal há 
														50 anos
														
														
														
														
														26.07.2024 - 
														O direito das colónias 
														portuguesas à 
														autodeterminação e 
														independência foi 
														reconhecido em lei 
														aprovada pelo Conselho 
														de Estado faz sábado 50 
														anos, culminando um 
														processo de resistência 
														anticolonial iniciado em 
														01 de dezembro de 1957, 
														em Paris.
														
														
														O diploma aprovado pelo 
														Conselho de Estado, 
														órgão criado com a queda 
														do regime de Marcello 
														Caetano, em 25 de abril 
														de 1974, passou à 
														história como Lei 7/74 e 
														foi promulgada pelo 
														então Presidente da 
														República, António de 
														Spínola.
														
														
														Com apenas três artigos, 
														o diploma, datado de 27 
														de julho de 1974, 
														considerava, logo no 
														primeiro, que "a solução 
														das guerras no ultramar 
														é política e não 
														militar" e que, tendo em 
														conta o Programa do 
														Movimento das Forças 
														Armadas, "implica, de 
														acordo com a Carta das 
														Nações Unidas, o 
														reconhecimento por 
														Portugal do direito dos 
														povos à 
														autodeterminação".O 
														artigo 2.º estipula que 
														o reconhecimento do 
														direito à 
														autodeterminação, "com 
														todas as suas 
														consequências", prevê a 
														aceitação da 
														independência "dos 
														territórios 
														ultramarinos".
														
														
														Este passo formal 
														culminou o processo de 
														resistência anticolonial 
														encetado por 
														organizações 
														nacionalistas das então 
														colónias portuguesas que 
														criaram em Paris, em 01 
														de dezembro de 1957, o 
														Movimento 
														Anticolonialista (MAC).Entre 
														os dirigentes 
														nacionalistas envolvidos 
														na criação do MAC, todos 
														estudantes na Europa, 
														estavam ativistas 
														ligados sobretudo à Casa 
														dos Estudantes do 
														Império e também à 
														estrutura de jovens do 
														Movimento de Unidade 
														Democrática (MUD 
														Juvenil), ao PCP ou ao 
														Clube Marítimo Africano.
														
														
														Fizeram parte do grupo 
														de fundadores ativistas 
														radicados em Paris, como 
														o angolano Mário Pinto 
														de Andrade, o 
														moçambicano Marcelino 
														dos Santos e o goês 
														Aquino de Bragança, e na 
														Alemanha, como o 
														angolano Viriato da Cruz 
														e ainda os angolanos 
														Agostinho Neto, Edmundo 
														Rocha, Lúcio Lara e Iko 
														Carreira e o guineense 
														Amílcar Cabral.Com pouca 
														atividade em Portugal, o 
														MAC cedeu, em janeiro de 
														1960, na II Conferência 
														dos Povos Africanos, 
														realizada em Tunes, o 
														lugar à Frente 
														Revolucionária Africana 
														para a Independência 
														Nacional das Colónias 
														Portuguesas (FRAIN).
														
														
														Os nacionalistas da 
														FRAIN passaram a 
														responder pelos seus 
														partidos, com Amílcar 
														Cabral a representar o 
														Partido Africano de 
														Independência (PAI), que 
														se tornou, em outubro 
														desse ano, PAIGC 
														(Partido Africano para a 
														Independência da Guiné e 
														Cabo Verde), juntando as 
														então colónias da Guiné 
														e Cabo Verde à sua 
														designação, enquanto 
														Viriato da Cruz e Lúcio 
														Lara eram os 
														representantes do 
														Movimento Popular de 
														Libertação de Angola (MPLA).
														
														
														À FRAIN viria a suceder, 
														em 18 de abril de 1961, 
														a mais representativa 
														das organizações 
														agregadoras da 
														resistência anticolonial 
														portuguesa: a 
														Conferência das 
														Organizações 
														Nacionalistas das 
														Colónias Portuguesas (CONCP).A 
														CONCP foi criada numa 
														reunião conjunta, em 
														Casablanca, por 
														representantes do PAIGC, 
														do MPLA, da União 
														Democrática Nacional de 
														Moçambique (UDENAMO) - 
														que foi precursora da 
														Frente de Libertação de 
														Moçambique (FRELIMO) -, 
														e do Movimento de 
														Liberação de São Tomé e 
														Príncipe (MLSTP), que já 
														depois da independência, 
														em 1975, viria a juntar 
														Partido Social Democrata 
														à sua denominação.
														
														
														Na constituição da CONCP 
														esteve presente uma 
														delegação do Partido 
														Popular de Goa, sob 
														liderança de Aquino de 
														Bragança.O moçambicano 
														Marcelino dos Santos foi 
														escolhido como primeiro 
														secretário-geral e Mário 
														Pinto de Andrade como 
														primeiro presidente.
														
														
														A história do regime 
														colonial aproximou-se do 
														fim com o início da luta 
														armada encetada na 
														década de 1960 pelos 
														movimentos nacionalistas 
														na Guiné-Bissau, Angola 
														e Moçambique, com o 
														derrube do regime de 
														Marcello Caetano, em 25 
														de abril de 1974, a 
														tornar irreversível o 
														processo das 
														independências, a que a 
														Lei 7/74 deu o 
														enquadramento legal e 
														político.
														
														
														A independência da 
														Guiné-Bissau, proclamada 
														unilateralmente em 24 de 
														setembro de 1973, viria 
														a ser reconhecida por 
														Portugal em 10 de 
														setembro de 1974.Angola 
														ascendeu à independência 
														em 11 de novembro de 
														1974, seguindo-se 
														Moçambique, em 25 de 
														junho de 1975, Cabo 
														Verde, em 05 de julho de 
														1975, e São Tomé e 
														Príncipe, em 12 de julho 
														de 1975. 
														
														por Lusa
														
														
																	