China "seriamente
preocupada". Biden
aprovou
plano nuclear secreto
focado em Pequim
22.08.2024 -
Numa
notícia publicada na
terça-feira, o
New York Times (NYT)
revela que Joe Biden
aprovou, em março, um
plano estratégico
nuclear altamente
confidencial que, pela
primeira vez, reorienta
a estratégia dos EUA
para se focar na rápida
expansão do arsenal
nuclear da China.
A mudança
de estratégia, cuja
palavra de ordem até
agora era dissuasão e se
focava maioritariamente
no arsenal de Moscovo –
o único país que supera
os EUA em número de
ogivas nucleares –, visa
também preparar os EUA
para potenciais desafios
nucleares coordenados
por parte da China,
Rússia e Coreia do
Norte.
A China
já reagiu, mostrando-se
“seriamente preocupada”
com este plano nuclear
secreto
norte-americano."A China
está seriamente
preocupada com o
relatório em questão, e
os factos provaram
plenamente que os
Estados Unidos têm
constantemente
alimentado a chamada
teoria da ameaça nuclear
da China nos últimos
anos", disse o porta-voz
do Ministério chinês dos
Negócios Estrangeiros,
Mao Ning, numa
conferência de imprensa
esta quarta-feira.
"Os EUA
estão a vender a
narrativa da ameaça
nuclear da China,
encontrando desculpas
para procurar obter
vantagem estratégica",
acrescentou a mesma
fonte. Segundo o NYT, a
mudança de estratégia
ocorre porque os EUA
estão preocupados com o
crescimento alarmante do
arsenal nuclear chinês.
O
Pentágono acredita mesmo
que as reservas
nucleares da China
competirão com a
dimensão e a diversidade
das dos Estados Unidos e
da Rússia na próxima
década. Os EUA têm
consistentemente
alertado para o
armamento nuclear
expansivo e crescente da
China. Um relatório
anual do Pentágono,
publicado em outubro
passado, afirmava que a
China tinha mais de 500
ogivas nucleares
operacionais no seu
arsenal e poderá
duplicar esse número até
2030.
Para além
disso, os EUA também
estão preocupados com a
parceria emergente entre
a China e a Rússia, bem
como com as armas
convencionais que a
Coreia do Norte e o Irão
estão a fornecer à
Rússia para a guerra na
Ucrânia.
EUA dizem
que estratégia não é
resposta a um país em
particular Questionado
pelo relatório em
questão, o porta-voz da
Casa Branca, Sean Savett,
disse à agência Reuters
que a nova estratégia
aprovada por Biden “não
é uma resposta a nenhuma
entidade, país ou ameaça
em particular”.
"Esta
Administração, como as
quatro Administrações
anteriores, emitiu uma
Revisão da Postura
Nuclear e Orientação de
Planeamento de Emprego
de Armas Nucleares.
Embora o texto
específico da orientação
seja confidencial, a sua
existência não é de
forma alguma secreta”,
explicou.
Segundo o
NYT, a Casa Branca nunca
anunciou que Joe Biden
aprovou esta nova
estratégia, denominada
"Nuclear Employment
Guidance", que é
atualizada de quatro em
quatro anos. No entanto,
deverá ser enviada uma
notificação mais
detalhada e não
confidencial ao
Congresso antes de Biden
deixar o cargo.
O
documento é altamente
confidencial, mas de
acordo com o jornal,
dois altos funcionários
do Governo foram
autorizados, em
discursos recentes, a
fazer referência à
alteração da estratégia,
embora de forma vaga e
cuidadosa.
“O
presidente emitiu
recentemente uma
orientação atualizada
sobre o emprego de armas
nucleares para ter em
conta vários adversários
com armas nucleares”,
disse Vipin Narang,
especialista em
estratégia nuclear do
MIT (Instituto de
Tecnologia de
Massachusetts) que
serviu no Pentágono, no
início deste mês, citado
pelo NYT.
“E em
particular”,
acrescentou, a
orientação sobre armas
teve em conta “o aumento
significativo da
dimensão e da
diversidade” do arsenal
nuclear da China. Também
o diretor sénior do
Conselho de Segurança
Nacional para o controlo
de armas e a
não-proliferação, Pranay
Vaddi, se referiu ao
documento em junho.
Segundo o NYT, Vaddi
explicou que a nova
estratégia enfatiza "a
necessidade de dissuadir
simultaneamente a
Rússia, a RPC [República
Popular da China] e a
Coreia do Norte”.