Presidente do Ruanda
começa quarto mandato
com
promessas de paz e
unidade nacional
12.08.2024 - O
Presidente do Ruanda,
Paul Kagamé, foi
empossado hoje para um
quarto mandato,
comprometendo-se a
"preservar a paz e a
soberania nacional" e a
"consolidar a unidade
nacional".Várias dezenas
de chefes de Estado e
outros dignitários
africanos viajaram para
assistir à cerimónia de
tomada de posse,
realizada hoje à tarde
num estádio de 45.000
lugares na capital,
Kigali, onde a multidão
se foi concentrando
desde o início da manhã.
Entre os presentes,
encontram-se os
Presidentes de Angola,
João Lourenço, e de
Moçambique, Filipe Nyusi,
e o primeiro-ministro de
São Tomé e Príncipe,
Patrice Trovoada.Kagamé,
de 66 anos, foi
empossado pelo
Presidente do Supremo
Tribunal, Faustin
Ntezilyayo, depois de
ter obtido mais de 99%
dos votos nas eleições
do mês passado.
A sua reeleição nas
presidenciais de 15 de
julho era esperada, dado
o seu controlo com
mão-de-ferro sobre o
destino deste pequeno
país da região dos
Grandes Lagos de África
desde o genocídio de
1994.Segundo a comissão
eleitoral, venceu as
eleições com 99,18% dos
votos, resultado que
ativistas dos direitos
humanos apontaram como
uma forte prova da falta
de democracia no Ruanda
.Depois de ter atingido
o limite de dois
mandatos de sete anos,
Kagamé pôde voltar a
candidatar-se em 2017,
graças a uma controversa
alteração constitucional
introduzida dois anos
antes, que consagrou um
mandato de cinco anos -
com a manutenção de um
máximo de dois mandatos.
Esta reforma poderá
permitir-lhe manter-se
no poder até 2034.Paul
Kagamé é o homem forte
do Ruanda desde julho de
1994, quando ele e a
rebelde Frente
Patriótica Ruandesa (RPF)
derrubaram o Governo
extremista Hutu que
instigou o genocídio no
qual, segundo a ONU,
morreram mais de 800.000
membros da minoria
Tutsi.
É-lhe atribuída a
espetacular recuperação
económica do país desde
então, mas tem também
sido criticado pela sua
falta de abertura
democrática, com
ativistas dos direitos
humanos e a oposição a
acusarem-no de governar
num clima de medo,
intimidação, detenções
arbitrárias, raptos e
assassínios.
Apenas dois candidatos
foram autorizados a
concorrer contra ele nas
eleições de julho, tendo
os outros seis,
incluindo alguns dos
opositores mais críticos
de Kagamé, sido
impedidos de o fazer.
Frank Habineza, líder do
único partido da
oposição autorizado (o
Partido Democrático
Verde, DGPR), e o
independente Philippe
Mpayimana obtiveram
0,50% e 0,32% dos votos,
respetivamente.
O Ruanda é também
acusado de alimentar a
instabilidade no leste
da vizinha República
Democrática do Congo (RDCongo),
lutando ao lado da
rebelião M23.O
Presidente João Lourenço
deverá manter
conversações com Kagamé
sobre o acordo de
cessar-fogo na RDCongo,
alcançado no mês passado
com a mediação angolana,
anunciou Luanda.
Angola negociou o acordo
após uma reunião entre
os ministros dos
Negócios Estrangeiros da
RDCongo e do Ruanda. Mas
a 4 de agosto, dia em
que deveria entrar em
vigor, os rebeldes do
M23, que se apoderaram
de vastos territórios no
leste da RDCongo desde
que lançaram a sua
ofensiva no final de
2021, tomaram o controlo
de uma cidade na
fronteira com o Uganda.
Com 65% da população com
menos de 30 anos, a
maioria dos ruandeses só
conheceu como Presidente
Paul Kagamé, que ganhou
todas as eleições
presidenciais que
disputou sempre com mais
de 93% dos votos. Lusa