CPLP destaca abolição da
pena de morte embora não
total
nos 10 anos de adesão da
Guiné Equatorial
31.07.2024 -
O secretário-executivo
da CPLP destacou hoje,
dia em que a Guiné
Equatorial celebra 10
anos como Estado-membro
da organização, o passo
dado pelo país de abolir
a pena de morte em 2022,
embora ainda não
totalmente.
“Eu só posso referir-me
aos compromissos que a
Guiné Equatorial fez com
a CPLP [Comunidade dos
Países de Língua
Portuguesa] aquando da
sua adesão, em 2014”,
afirmou Zacarias da
Costa, e neste contexto
“é importante assinalar
a abolição da pena de
morte”.
Mas, admitiu, quando
questionado sobre o
assunto, que o processo
legal para a abolição da
pena de morte não está
concluído. “Não é total,
porque é preciso ainda
fazer uma alteração à
Constituição”,
reconheceu, em
declarações à Lusa a
propósito dos 10 anos de
adesão da Guiné
Equatorial à CPLP.
Porém, fazer aquela
alteração constitucional
também “não é um grande
problema”, porque, na
Guiné Equatorial “não
será necessário recorrer
a um referendo”, basta
que as duas Câmaras
(Senado e Câmara dos
Deputados) possam
alterar a Constituição
através de uma votação.
E “o mais importante” é
que a abolição da pena
de morte já tenha sido
consagrada no Código
Penal.A CPLP “está
satisfeita” por o país
ter dado aquele passo,
adiantou.
Já em relação a relatos
e acusações de
organizações
internacionais sobre
violações de direitos
humanos na Guiné
Equatorial, Zacarias da
Costa disse que “não
compete à CPLP”
pronunciar-se sobre
isso.
“O mais importante é
reforçarmos os
mecanismos nacionais que
existem”, de
monitoramento das
recomendações
internacionais “por
forma a que situações de
violação de direitos
humanos possam
diminuir”, defendeu.O
secretário-executivo
destacou “os esforços de
capacitação
desenvolvidos em todos
os setores da atuação da
CPLP, conducentes a
maior integração [da
Guiné Equatorial] nos
trabalhos da
organização”, nestes 10
anos.
Além dos esforços feitos
pela Guiné Equatorial
para tornar a língua
portuguesa, já oficial
no país, mais falada,
citando como exemplo a
inclusão do português
como opção curricular,
não apenas em estudos
superiores e a emissão
de programação em língua
portuguesa na televisão
pública do país.
Já sobre o que a Guiné
Equatorial deu à CPLP
nesta década como
Estado-membro, o
secretário-executivo
disse que o país “teve
um profundo impacto na
história” da comunidade,
porque “ampliou a sua
configuração geográfica,
ofereceu novos caminhos
para a difusão da língua
[portuguesa] e
proporcionou renovadas
perspetivas de
relacionamento com um
Estado que era
observador associado há
vários anos, abrindo
novos caminhos para um
reforço da cooperação e
da concertação deste
país com a CPLP”.
Além disso, frisou,
reforçou a CPLP
“enquanto organização
internacional que
prossegue o
desenvolvimento e a
prosperidade dos seus
membros”.Hoje, em Malabo,
capital da Guiné
Equatorial, celebram-se
os 10 anos da adesão
daquele Estado-membro,
com uma sessão solene,
que conta com as
presenças e os discursos
do Presidente do país,
Obiang Nguema Mbasogo, e
do seu homólogo de São
Tomé e Príncipe, agora
também presidente da
CPLP, Carlos Vila Nova.
Na sessão, que decorre
hoje de manhã, estarão
presentes também os
embaixadores
representantes dos
estados-membros junto da
CPLP e, em representação
do secretário executivo,
o diretor-geral, Armindo
Brito Fernandes. De
acordo com agenda das
cerimónias, a
Confederação Empresarial
da CPLP apresentará os
seus projetos na Guiné
Equatorial e serão
doados aos Ministérios
da Educação e da Cultura
os livros provenientes
de uma campanha de
recolha de livros em
português que decorreu
em Portugal.
A entrada da Guiné
Equatorial, país falante
de espanhol, como
estado-membro foi
aprovada na Cimeira de
Chefes de Estado e de
Governo da CPLP que
decorreu em 23 de julho
de 2014 em Díli,
Timor-Leste.
Desde a sua
independência de Espanha
em 1968, a Guiné
Equatorial é considerada
pelas organizações de
defesa dos direitos
humanos como um dos
países mais corruptos e
repressivos do
mundo.Teodoro Obiang
Nguema, de 82 anos,
governa o país com “mão
de ferro” desde 1979,
quando derrubou o seu
tio Francisco Macías num
golpe de Estado, sendo o
Presidente que está há
mais tempo no poder no
mundo.