Governos e
Organizações
debateram
transição
energéticae
mercados de
carbono no
3º Seminário
de Energia e
Clima da
CPLP
14.11.2024 -
Depois de
Cabo Verde,
a Série de
Seminários
de Energia e
Clima da
CPLP reuniu,
no Brasil,
Governos e
Organizações
para
discutir a
transição
energética e
os avanços
da
regulamentação
dos mercados
de carbono
nos
Estados-Membros
da CPLP.
O terceiro
seminário,
que decorreu
no passado
dia 4 de
Novembro, no
Instituto de
Economia da
Universidade
Federal do
Rio de
Janeiro (UFRJ),
foi
promovido
pelo Governo
de São Tomé
e Príncipe,
que detém a
Presidência
em exercício
da
Comunidade
dos Países
de Língua
Portuguesa (CPLP),
juntamente
com a
Comissão
Temática de
Energia dos
Observadores
Consultivos
da CPLP,
cuja
coordenação
está a cargo
da
Associação
Lusófona de
Energias
Renováveis (ALER)
e da
Associação
de
Reguladores
de Energia
dos Países
de Língua
Oficial
Portuguesa (RELOP).
Mayra
Pereira,
Presidente
da ALER,
iniciou o
seu discurso
na Sessão de
Abertura
acautelando
que “nos
países
africanos, a
questão dos
mercados de
carbono está
ainda numa
fase
inicial”.
Segundo a
Presidente
da ALER, a
grande
maioria tem
políticas e
leis do meio
ambiente,
mas a
legislação
em torno dos
mercados de
carbono
ainda está a
ser
desenhada.
Embora a
diversidade
ecológica,
social e
cultural
possa juntar
Angola,
Brasil,
Guiné-Bissau,
Guiné
Equatorial,
Moçambique,
Portugal,
São Tomé e
Príncipe,
Timor-Leste,
no processo
dos mercados
de carbono
identificam-se
alguns
desafios.
Para
Mayra
Pereira, é
necessário
olhar “pela
lente do
afro-futurismo”
e
re-imaginar
o continente
africano
para que
este possa
aceder, de
uma forma
mais
facilitada,
àqueles
mercados.
Para isso,
diz ser
fundamental
a união na
geração de
conhecimento
e na troca
de
experiências.
“Em Cabo
Verde [no 2º
Seminário de
Energia e
Clima da
CPLP],
começámos
este
princípio de
uma acção
conjunta”,
referiu.
As
discussões
tidas nesse
seminário,
segundo a
Presidente
da ALER,
realçaram a
importância
de uma
África
falante de
português
mais unida,
que encontra
em países
como
Portugal e
Brasil a sua
âncora e
base para
parcerias.
Também
Sandoval
Feitosa,
Presidente
da RELOP,
defende que
“Portugal e
Brasil
desempenham
um papel
importante
no processo
de
integração
[dos países
de língua
portuguesa
nos
mercados]”.
Sandoval
Feitosa
reforçou que
a
localização
estratégica
de Portugal
na Europa
viabiliza o
acesso a
mecanismos
de
financiamento
que
impulsionam
o
desenvolvimento
de energia
renovável
nos países
lusófonos.
Para além
disso,
assume que o
Brasil é uma
referência
mundial,
pelo seu
potencial de
produção de
energia
renovável,
sobretudo,
no que
respeita à
geração de
hidro-electricidade
e à
exploração
de energia
solar-fotovoltaica
e eólica.
“Desenvolvemos
mecanismos
legislativos
de incentivo
à produção
de energia
renovável,
que aliado a
um mercado
consumidor
bastante
pujante, (…)
faz com que
tenhamos um
ecossistema
perfeito”,
referiu.
Segundo o
Presidente
da RELOP, o
potencial do
país, as
políticas
públicas e o
seu mercado
consumidor
permitem
ampliar a
geração de
energia
renovável.
Nesse
sentido,
reforçou a
importância
da
transmissão
e partilha
de
conhecimento,
principalmente
em culturas
próximas e
de origem
comum.
“De nada
adianta o
conhecimento
se ele
estiver
insulado.
(…) Acredito
muito na
união dos
países.”,
rematou.Já
Gabriel
Makengo,
Director de
Energia da
Direcção
Geral dos
Recursos
Naturais e
Energia, do
Ministério
das
Infraestruturas
e Recursos
Naturais de
São Tomé e
Príncipe,
salientou
que o
mercado de
carbono “não
é apenas uma
ferramenta
económica,
mas uma
oportunidade
para
promover o
desenvolvimento
sustentável,
alinhar os
esforços
contra as
mudanças
climáticas e
garantir um
futuro
próspero e
mais
equitativo”.
Segundo o
Director de
Energia,
trata-se de
uma resposta
estratégica
e
colaborativa,
que se
revela um
modelo
eficaz para
reduzir as
emissões de
gases com
efeitos de
estufa, ao
permitir que
os países e
empresas
compensem as
suas
emissões,
investindo
em projectos
de
mitigação,
como as
tecnologias
limpas.
“No espaço
da CPLP,
vários
Membros
possuem
vastos
recursos
naturais que
desempenham
um papel
crítico na
captura de
carbono,
especialmente
através de
florestas,
solo e
ecossistemas
marinhos”,
referiu.
Esses
recursos
“são activos
estratégicos
que podem
ser
monetizados
através dos
mercados de
carbono,
gerando
receitas
para
financiar o
desenvolvimento
sustentável
e a
adaptação
climática,
atendendo às
linhas
mestras do
G20”,
acrescentou.
De acordo
com Gabriel
Makengo, a
CPLP “pode
desempenhar
um papel
fundamental
na
coordenação
de
políticas,
intercâmbio
de boas
práticas e
apoio
técnico” e
“a criação
de uma
plataforma
comum para a
negociação
de crédito
de carbono e
o
fortalecimento
da
cooperação
científica
podem ser
passos
importantes
nessa
direcção”.
Carlos
Alexandre
Pires,
Especialista
em Políticas
Públicas e
Gestão
Governamental
da
Secretaria
Nacional de
Mudança do
Clima, do
Ministério
do Meio
Ambiente e
Mudança do
Clima do
Brasil,
relembrou
que o Brasil
se antecipou
ao resto do
mundo e
promoveu,
durante a
década de 70
e 80, a sua
própria
transição
energética,
ainda que
por
circunstâncias
diferentes
das que
existem hoje
em virtude
das
alterações
climáticas.
“Ainda
persiste, de
certa forma,
(…) essa
narrativa de
que o Brasil
já fez a sua
transição
energética,
enquanto o
resto do
mundo se
debruça e
dialoga
sobre a sua
transição”,
referiu.
Embora a
realidade do
país seja
distinta da
realidade
dos
restantes
países,
Carlos
Alexandre
Pires
defende que
é necessário
endereçar
outros
problemas
relacionados
com a
transição
energética,
nomeadamente
a
desigualdade
e a justiça
climática.
“A nossa
transição
energética
precisa de
ser moldada
a nosso
favor”,
enfatizou.
Com as
dificuldades
sociais e
económicas
do país, é
importante
“transformar
a transição
numa
oportunidade
de
crescimento,
de
transformação
ecológica e
transformação
energética
para que
possamos
auferir
algum
benefício
nesse
processo”,
acrescentou.
Para além
disso,
considera
premente
tornar a
linguagem da
mudança do
clima e da
transição
energética
clara e
simples para
o cidadão
comum.
“Existe todo
um jargão
que precisa
ser
trabalhado”
para que o
“cidadão
mais
vulnerável
às mudanças
do clima,
saiba
exatamente o
que ele
precisa de
fazer”.No 3º
Seminário de
Energia e
Clima da
CPLP foram
destacados
os
principais
resultados
alcançados
no Grupo de
Trabalho de
Transições
Energéticas
do G20,
nomeadamente
a definição
dos dez
princípios
da transição
justa e
inclusiva
(que
contempla o
que está
previsto no
ODS7
estabelecido
pela ONU e
no primeiro
Global
Stocktake
instituído
na COP28) e
a criação de
um acordo
global de
planeamento
energético
para a
implementação
de políticas
mais
eficientes e
sustentáveis.
Para além
disso, foram
levantadas
questões
sobre as
emissões
líquidas
zero, a
desflorestação,
a adaptação
às
alterações
climáticas,
a justiça
energética e
a dignidade
de acesso à
energia.
Seguiu-se
uma
mesa-redonda
sobre a
regulamentação
de mercados
de carbono
nos países
da CPLP, que
incidiu,
sobretudo,
no caso de
Angola,
Brasil,
Moçambique e
Portugal.
Foram
partilhados
os
desenvolvimentos
legislativos
dos mercados
regulados
para o
alcance das
metas de
neutralização
de carbono,
as
orientações
para a
certificação
de carbono
com
segurança
jurídica e,
ainda,
exemplos de
operacionalização
do mercado
de carbono e
tramitação
de créditos.
Neste
seguimento,
foram também
analisados
diferentes
mecanismos
de
financiamento
e incentivo
de créditos
de carbono,
bem como os
seus
desafios.
Por fim,
foram
apresentados
diversos
casos de
estudo de
créditos de
carbono no
sector da
energia de
Angola,
Brasil,
Moçambique e
Portugal.
Vários
representantes
dos
Estados-Membros
da CPLP
marcaram
presença no
evento e
integraram
diferentes
painéis. De
destacar:
José
Bernardes,
do
Ministério
de Ambiente
e Energia de
Portugal;
Paula
Panguene, do
Ministério
da Terra e
Ambiente de
Moçambique;
Rui
Ferreira, do
Ministério
do Ambiente
de Angola;
Fernanda
Castro, do
Instituto
Nacional de
Crédito de
Carbono do
Brasil;
Ricardo
Almeida,
Procurador
do Município
do Rio de
Janeiro;
Glauce
Botelho, da
Empresa de
Pesquisa
Energética
do Brasil;
Emanuel
Bernardo, da
Associação
Angolana de
Mercados de
Carbono;
Hélder
Rodrigues,
da ADENE -
Agência para
a Energia de
Portugal; e
Artur
Trindade, da
RELOP.
Este
terceiro
seminário
contou com o
apoio do
programa
GET.transform
(financiado
pela União
Europeia e
pela
Cooperação
Alemã), da
Agência
Alemã para a
Cooperação
Internacional
(GIZ), da
ApexBrasil -
Agência
Brasileira
de Promoção
de
Exportações
e
Investimentos,
da ABSOLAR -
Associação
Brasileira
de Energia
Solar
Fotovoltaica,
da ANEEL -
Agência
Nacional de
Energia
Eléctrica e
do GESEL -
Grupo de
Estudos do
Sector
Eléctrico do
Brasil. O
evento foi
ainda
patrocinado
pela ANPG -
Agência
Nacional de
Petróleo,
Gás e
Biocombustíveis,
ALSF -
African
Legal
Support
Facility,
Miranda
Alliance,
Sonagás
Energias
Renováveis e
APP – Águas
de Ponta
Preta.
Trata-se do
terceiro de
uma Série de
Seminários
de Energia e
Clima da
CPLP, que
visa
fomentar a
partilha de
experiências
e o
intercâmbio
de boas
práticas
entre os
países da
CPLP, no
âmbito da
transição
energética;
e promover a
complementaridade
público-privada
de recursos
financeiros
em projetos
de energia
sustentável.
No quarto e
último
seminário
desta série,
a acontecer
em Março de
2025, em São
Tomé e
Príncipe,
será lançado
o “Roteiro
lusófono da
transição
energética
para a
COP30”, que
compilará as
estratégias
de transição
energética e
financiamento
climático de
cada país da
CPLP e
identificará
os pontos de
cooperação
entre eles.
A Série de
Seminários
de Energia e
Clima da
CPLP conta
com o apoio
institucional
da CPLP, do
Ministério
das
Infraestruturas
e Recursos
Naturais de
São Tomé e
Príncipe, do
Ministério
da Energia e
Água de
Angola, do
Ministério
das Minas e
Energia do
Brasil, do
Ministério
de
Indústria,
Comércio e
Energia de
Cabo Verde,
do
Ministério
da Energia
de
Guiné-Bissau,
do
Ministério
dos Recursos
Minerais e
Energia de
Moçambique e
do
Ministério
do Ambiente
e Energia de
Portugal.