Projeto português quer
ajudar São Tomé e
Príncipe
e Cabo Verde a proteger
aves e habitats
29.07.2024 - A Sociedade
Portuguesa para o Estudo
das Aves (SPEA) tem em
curso um projeto cujo
objetivo é capacitar São
Tomé e Príncipe e Cabo
Verde a proteger aves e
habitats, disse a
entidade à Lusa.
O projeto 'lhasMais' é
realizado em parceria
com a associação
cabo-verdiana Biosfera e
financiado pelo
Instituto Camões, I. P.
em 990 mil euros,
declarou à Lusa a
coordenadora do
departamento de
cidadania e educação
ambiental da SPEA e
coordenadora do projeto,
Alexandra Lopes.
"No objetivo geral, o
que este projeto quer é
capacitar as
organizações da
sociedade civil de São
Tomé e Príncipe e de
Cabo Verde, ao nível de
capacidades técnicas e
organizativas, para que
elas sejam mais capazes
de desenvolver ações que
zelem, ou que vão ao
encontro da conservação
dos habitats e das aves,
nomeadamente ações de
modernização, ações de
valorização da
biodiversidade e dos
recursos naturais",
explicou.
A origem desta
iniciativa remonta aos
trabalhos que a SPEA "já
tem desenvolvido em Cabo
Verde, nomeadamente com
a Associação Biosfera e
com a 'Birdlife
International', numa
cooperação que se
iniciou em 2009",
contextualizou."Temos
vindo a trabalhar com
eles em vários projetos,
nomeadamente conservação
de restauro de habitats
insulares, gestão de
áreas protegidas,
capacitação, etc",
indicou.
Com isso, ao longo
destes 15 anos, têm
identificado algumas
necessidades e surgiu a
possibilidade da SPEA
concorrer "a um concurso
do Instituto Camões,
precisamente sobre
capacitação de entidades
em meio insular e
relacionadas com o meio
ambiente",
explicou."Portanto,
surgiu esta ideia de
fazermos um projeto em
Cabo Verde e São Tomé e
Príncipe, com ações
muito semelhantes [às já
aplicadas em Cabo
Verde], mas ajustadas à
realidade de cada país",
refletiu.
Os resultados do
concurso foram
publicados em dezembro
de 2023 e começaram o
projeto em Cabo Verde em
fevereiro, sendo que, no
final do ano, vão
iniciá-lo em São Tomé e
Príncipe.
A iniciativa ocorrerá
até 2026."Nós queremos,
nestes três anos de
projeto, que as
instituições fiquem com
conhecimento suficiente
para que depois possam
desenvolver por si as
ações", declarou.Segundo
indicou, vão existir
três grandes eixos de
atuação.
"O primeiro é tentar
fortalecer ou criar -
dependendo da situação
nesses países -
plataformas de
colaboração entre
organizações
não-governamentais
locais e outras
organizações da
sociedade civil",
referiu.
"Queremos que
estabeleçam redes de
parcerias de várias
entidades que atuam na
área do ambiente e da
conservação da natureza
porque, de facto, muitas
vezes o esforço conjunto
tem muito mais força
para mobilizar os
cidadãos, para a
trabalhar junto das
entidades estatais, do
que vozes individuais",
disse.
Um segundo objetivo é a
"capacitação técnica",
em que a SPEA avança com
algumas ideias de
informação que pode
transmitir e que
considera útil. Todavia,
Alexandra Lopes
salientou que a SPEA
quer que sejam as
entidades locais "a
identificar as suas
necessidades".
"Necessidades estas que
visem os objetivos deste
projeto, que é a
capacitação, a
comunicação junto das
populações, dos valores
naturais, a questão da
inventariação, do
seguimento das espécies.
Mas são eles que nos vão
dizer as necessidades
que têm", frisou.
Por fim, o último grande
objetivo é promover e
incentivar a valorização
económica das áreas
protegidas e da
biodiversidade através
dos serviços de
ecossistemas, mais
relacionada com a
componente marinha, mas
também com o turismo
sustentável.
"É um caminho que ainda
agora está a começar,
mas pensamos que tem
muito potencial e vai
ser muito interessante
para todas as partes,
até mesmo para a SPEA,
que vai ter muito a
aprender com estas
entidades", salientou.
"O foco são as aves, que
através delas podemos
conservar outras
espécies e flora, mas se
acharmos que existem
outros componentes da
natureza que possamos
integrar também neste
projeto iremos fazê-lo",
realçou.
Neste momento, estão a
trabalhar no atlas das
Aves Nidificantes - que
constroem ninhos - em
Cabo Verde, onde deram
formação à Biosfera para
que liderasse um grupo
de voluntários que vão
ter ações de
monitorização em todas
as ilhas.
NYC // JMC