Associação humanitária
da Mealhada vai
reabilitar
escola em São Tomé e
Príncipe

09.03.2023 -
A
Associação Humanitária
Gongô, com sede na
Mealhada, está a
desenvolver um projeto
de reabilitação de uma
escola em São Tomé e
Príncipe, que deve estar
concluído em abril de
2024, revelou hoje a
presidente da
organização.
“O projeto para a Escola
Primária de Águas Belas
prevê a reabilitação do
telhado, bem como da
casa de banho, pintura
de paredes e a
construção de uma cerca
para os animais não
passarem. Gostaríamos
muito que este trabalho
estivesse concluído em
abril do próximo ano”,
avançou Paula Gradim,
fundadora e presidente
da Gongô, que significa
amar em dialeto
são-tomense.
Em declarações à agência
Lusa, Paula Gradim
explicou que este é o
primeiro grande projeto
desta associação,
constituída em julho d e
que se encontra em fase
de recolha de apoios
financeiros. “Numa fase
seguinte, vamos tentar
arranjar forma de terem
luz, com instalação de
painéis solares. Em São
Tomé anoitece cedo e
quando os alunos saem da
escola, pelas 17:30, já
é noite”, acrescentou.
De acordo
com a presidente da
Gongô, esta escola,
frequentada por 14
alunos, fica num local
remoto, a cerca de 20
quilómetros da cidade de
São Tomé, mas que
demoram cerca de 90
minutos a serem
percorridos por caminhos
em terra batida.
“A escola
precisa de tudo para
poder proporcionar
dignidade às crianças
que a frequentam. É uma
escola em que as
crianças que a
frequentam nos disseram
que precisam de galochas
para não terem os pés
nos excrementos dos
animais quando estão em
sala de aula, em que
lhes chove em cima e em
que o professor nem
sempre consegue ir
dormir a casa porque
chove muito e não
consegue percorrer o
caminho de regresso na
sua mota”, descreveu.
À Lusa,
Paula Gradim referiu que
esta escola lhe foi
indicada por uma
professora da Escola
Portuguesa de São Tomé,
que acabou por conhecer
quando participou numa
missão de voluntariado,
levada a cabo por uma
organização
não-governamental, em
São Tomé e Príncipe,
durante duas semanas do
ano de 2019.
“Quando
voltámos, eu e outros
três voluntários do
concelho da Mealhada que
participámos, ficámos
sempre com o bichinho e
São Tomé nunca mais nos
saiu da cabeça e do
coração. Estávamos
conscientes de que ficou
muito por fazer e que
seria melhor criar uma
estrutura para podermos
levar ajuda para lá,
tendo empresas a
trabalhar connosco e
contando com o apoio do
Município da Mealhada”,
vincou.
Em 2021,
Paula Gradim decidiu
regressar a São Tomé, a
título particular, tendo
ficado hospedada em casa
dessa professora da
Escola Portuguesa de São
Tomé, que a ajudou a
encontrar esta
“escolinha muito
pequenina”. “Na altura,
levámos algum material
escolar que tínhamos
recolhido a título
particular e
estabelecemos contactos
com professor da escola,
bem como outros
contactos que nos vão
ajudar logisticamente no
local, para reabilitar a
escola”, acrescentou.
Desde
então, vem mantendo
contactos regulares com
o professor da Escola
Primária Águas Belas,
que pretendem que se
estendam mesmo depois da
reabilitação do
estabelecimento de
ensino, de forma a
garantir “a manutenção
do espaço”.
“Mesmo
depois de reabilitar a
escola, pretendemos
manter uma proximidade
com os alunos e com o
professor. É muito
importante que se sintam
acompanhados, para que
possam aprender a manter
os equipamentos e como
melhor usufruírem e
respeitarem estes
espaços, que
culturalmente não
aprenderam a valorizar”,
alegou. A associação
está a preparar a sua
apresentação pública,
que deverá ocorrer a 12
de maio.
Notícias de Coimbra