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Relatório da CPLP sobre eleições na Guiné Equatorial

é tendencioso, diz juiz Juan Carlos Angue

13.02.2023 - Há dois anos, o juiz e ex-presidente do Supremo Tribunal de Justiça foi forçado a sair da Guiné Equatorial, depois de diplomatas espanhóis, franceses e norte-americanos terem evitado que fosse detido quando a sua casa foi cercada por militares.

O antigo presidente do Supremo Tribunal de Justiça da Guiné Equatorial defende que o Governo saído das eleições de novembro não tem legitimidade democrática e classifica a observação eleitoral da comunidade lusófona (CPLP) como “inquestionavelmente tendenciosa”.

“O Governo constituído padece de legitimidade democrática devido à fraude massiva [nas eleições de novembro], denunciada formalmente pelos Estados Unidos e pela União Europeia”, disse o juiz Juan Carlos Ondo Angue, em entrevista à agência Lusa, por telefone, a partir de Paris.

Há dois anos, o juiz e ex-presidente do Supremo Tribunal de Justiça foi forçado a sair da Guiné Equatorial, depois de diplomatas espanhóis, franceses e norte-americanos terem evitado que fosse detido quando a sua casa foi cercada por militares.

Os resultados oficiais das eleições de novembro de 2022 na Guiné Equatorial deram a vitória ao Presidente Teodoro Obiang, há mais de 43 anos no poder, com 95% dos votos e o partido governamental obteve todos os lugares no Senado e no Congresso.

A Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), organização de que a Guiné Equatorial é membro desde 2014, enviou uma missão de observação eleitoral ao país chefiada por Maria do Carmo Silveira, antiga primeira-ministra de São Tomé e Príncipe e antiga secretária executiva da CPLP, que observou 190 mesas de voto, correspondentes a um total de 60.831 eleitores.

No relatório, a missão de observação eleitoral recomendou que seja assegurado o acesso equitativo dos candidatos e partidos políticos à imprensa pública do país para “promover o voto esclarecido”, adiantando que os eleitores exerceram o seu direito de voto, direto e secreto, “de forma ordeira e organizada, não tendo sido registadas interrupções ou perturbações à realização do ato eleitoral”.“O relatório da Comunidade de Países de Língua Portuguesa é inquestionavelmente tendencioso. Há muitíssimas provas de que a fraude foi massiva.

Na Guiné Equatorial, não há um controlo que permita impugnar as eleições porque o poder judicial está totalmente submisso às ordens do poder político”, sustenta Juan Carlos Ondo Angue.Por isso, sustenta o juiz, falta legitimidade democrática ao recém-nomeado Governo, que reconduziu Teodoro Nguema Obiang Mangue, ‘Teodorin’, como vice-presidente da Guiné Equatorial e promoveu a ministros figuras próximas do também filho mais velho do Presidente Obiang, apontado como seu sucessor.

“É um governo 100% do PDGE, é mais do mesmo. Haverá mudanças de pessoas, mas o ADN do regime continua intacto”, disse.Sobre o papel da CPLP na Guiné Equatorial, o juiz assinalou como positivo o facto de que, após uma fase inicial em que o que transparecia era afluência de empresas brasileiras ao mercado de obras públicas, essa “essência mercantilista” da integração não tenha prevalecido sobre os “princípios estatutários” da CPLP.

“Contrariamente à nossa integração na francofonia – que se circunscreve unicamente à política económica e monetária – , pelo menos a integração na CPLP iniciou uma certa mudança de paradigma em matéria de direitos humanos, abordagem que levou à abolição da pena de morte e à reforma do Código Penal”, disse.

“O meu desejo é que em matéria de direitos humanos, a iniciativa da CPLP não se limite a uma mera enunciação de normas, mas se debruce aprofundadamente sobre verdadeiras reformas que levem a que essas normas sejam efetivas”, sublinhou

 

 

 

 

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