Ex-presidente do
parlamento são-tomense
libertado sem indícios
de
envolvimento em ataque a
quartel

30.11.2022 -
O
ex-presidente do
parlamento são-tomense
Delfim Neves foi hoje
libertado por falta de
"indícios fortes de
envolvimento" no assalto
ao quartel na
sexta-feira, após ter
sido detido pelos
militares como alegado
mandante, disse à Lusa o
advogado.
"O
despacho [de libertação]
foi emitido hoje à noite
pela juíza de instrução
criminal, atendendo a
que não existem indícios
fortes e sólidos de o
mesmo [Delfim Neves]
estar envolvido", disse
à Lusa o advogado do
antigo presidente da
Assembleia Nacional de
São Tomé e Príncipe,
Hamilton Vaz. Segundo a
defesa de Delfim Neves,
este ficou sujeito a
termo de identidade e
residência.
O
advogado não esclareceu
se existe alguma
acusação contra o
deputado. Delfim Neves
foi detido às primeiras
horas da manhã de
sexta-feira pelos
militares, quando se
encontrava na sua casa,
por ter sido
alegadamente indicado
como um dos mandantes do
ataque ao
quartel-general do
exército.
Na
madrugada de dia 25,
quatro homens atacaram o
quartel das Forças
Armadas, na capital
são-tomense, num assalto
que se prolongou por
quase seis horas, com
intensas trocas de tiros
e explosões, e durante o
qual fizeram refém o
oficial de dia, que
ficou ferido com
gravidade devido a
agressões.
O ataque
foi neutralizado pelas
06:00 locais (mesma hora
em Lisboa), com a
detenção dos quatro
assaltantes e de 12
militares suspeitos de
envolvimento na ação,
que foi classificada
pelas autoridades
são-tomenses como "uma
tentativa de golpe de
Estado" e condenada pela
comunidade
Internacional.
Os
militares também
detiveram, na sua casa,
Arlécio Costa, antigo
oficial do `batalhão
Búfalo` que foi
condenado em 2009 por
uma tentativa de golpe
de Estado, e que terá
sido igualmente
identificado pelos
atacantes como mandante.
Três dos quatro
atacantes e Arlécio
Costa morreram na
sexta-feira e imagens
dos homens com marcas de
agressão, ensanguentados
e com as mãos amarradas
atrás das costas, ainda
com vida e também já na
morgue, foram amplamente
divulgadas nas redes
sociais.
O chefe
do Estado-Maior das
Forças Armadas,
brigadeiro Olinto
Paquete, afirmou que os
três assaltantes
morreram na sequência de
uma explosão quando os
militares procuravam
libertar o refém e
Arlécio Costa porque se
"atirou da viatura".
Delfim
Neves, eleito nas
legislativas de outubro
de 2018 pelo Partido de
Convergência Democrática
(PCD), presidiu ao
parlamento são-tomense
no anterior mandato, que
terminou com a vitória
da Ação Democrática
Independente (ADI) com
maioria absoluta nas
eleições de setembro
passado.
Nestas
legislativas, foi eleito
deputado, juntamente com
o ex-secretário-geral da
ADI Levy Nazaré, pelo
movimento Basta, criado
em junho do ano passado.
Atualmente tem o mandato
suspenso. Delfim Neves
também concorreu às
presidenciais de 2021,
tendo ficado colocado em
terceiro lugar na
primeira volta,
resultado que contestou
alegando ter ocorrido
uma fraude "maciça".