PM são-tomense
rejeita debate no
parlamento sobre ataque
ao quartel antes das
investigações

01.02.2023 - O
primeiro-ministro
são-tomense rejeitou
hoje a presença no
parlamento para debater
os acontecimentos de 25
de novembro que
resultaram na morte de
quatro pessoas, mas
prometeu discutir o
assunto após as
investigações que estão
em "segredo de justiça"
“Quando a
justiça acabar o seu
trabalho iremos
discutir, debater, mas
de momento não vou
perturbar o trabalho da
justiça, não vou me
imiscuir num outro órgão
de soberania, numa
questão tão sensível,
tão grave. Vamos
aguardar”, disse à Lusa
Patrice Trovoada, à
margem de um encontro
com um grupo de
mototáxis sobre o
aumento do preço de
combustível previsto
para fevereiro.
No início
do mês, o Movimento de
Libertação de São Tomé e
Príncipe/Partido Social
Democrata (MLSTP/PSD,
oposição) apresentou uma
moção de censura ao
Governo, exigindo a
presença do
primeiro-ministro no
parlamento para debater
“na sua amplitude” o
ataque ao quartel, mas o
pedido foi rejeitado
pela presidente da
Assembleia Nacional,
Celmira Sacramento, que
é também vice-presidente
da ADI.
Antes o
grupo parlamentar da ADI
(Ação Democrática
Independente) também
rejeitou um pedido de
debate de urgência
apresentado pelo MLSTP/PSD,
alegando que o debate
perturbaria as
investigações em curso
na justiça.Questionado
sobre a recusa do debate
no parlamento, Patrice
Trovoada, que também é
presidente da ADI, disse
que está “tranquilo” e
não vai “entrar neste
jogo dos comentários” às
acusações da oposição.
“Eu não
me recuso a nada. Agora
eu não faço coisas que
eu considero que não são
corretas. Quando temos o
sacrossanto segredo de
justiça eu não vou
debater uma questão que
está na justiça”,
afirmou Patrice
Trovoada.O
primeiro-ministro
considerou que “o MLSTP
tem falado muito e
algumas coisas que tem
dito não são muito
abonatórias para o
próprio MLSTP” e para a
democracia do país.
“O nosso
país precisa de toda a
concentração dos seus
dirigentes, dos
funcionários, dos
trabalhadores para sair
do buraco em que o MLSTP
nos pôs e é isso que me
preocupa. De resto
quando a justiça vier
nos dizer o que se
passou, quem, como,
quando, porquê, iremos
ao debate, mas de
momento deixamos a
justiça trabalhar”,
acrescentou Patrice
Trovoada.
Na
madrugada de 25 de
novembro, quatro homens
atacaram o quartel das
Forças Armadas, na
capital são-tomense, num
assalto que se prolongou
por quase seis horas,
com intensas trocas de
tiros e explosões, e em
que fizeram refém o
oficial de dia, que
ficou ferido com
gravidade devido a
agressões, segundo
relatos das autoridades.
Três dos
quatro atacantes detidos
pelos militares, e
Arlécio Costa, um antigo
combatente do batalhão
Búfalo da África do Sul,
morreram horas depois e
imagens dos homens com
marcas de agressão,
ensanguentados e com as
mãos amarradas atrás das
costas, ainda com vida e
também já na morgue,
foram amplamente
divulgadas nas redes
sociais.
No início
de janeiro o
procurador-geral da
república são-tomense
disse que decorrem “em
muito bom ritmo” as
investigações ao ataque
ao quartel militar e
destacou a “ajuda
fundamental” de Portugal
no processo.Kelve Nobre
de Carvalho realçou que,
de acordo com a lei
são-tomense, o
Ministério Público (MP)
tem três meses para
concluir as
investigações, mas
poderão ser concluídas
antes desse prazo.
Numa nota
divulgada em dezembro, o
MP anunciou que tinham
sido detidas 17 pessoas,
das quais nove ficaram
em prisão preventiva, no
âmbito das investigações
ao ataque ao quartel
militar.Por outro lado,
seis militares
são-tomenses foram
colocados em prisão
preventiva por suspeita
de tortura e homicídio,
sob custódia militar, de
quatro homens
alegadamente envolvidos
no assalto ao
quartel-general, disse à
Lusa fonte judicial.
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LFS