Governo são-tomense
suspende concessão de
portos
atribuída por executivo
anterior

16.01.2023 - O Governo
são-tomense decidiu
suspender o contrato de
concessão dos portos de
Ana Chaves e Fernão Dias
e do Príncipe, celebrado
pelo anterior executivo
com o consórcio Safebond,
alegando a necessidade
de salvaguardar o
interesse público.
"O Governo decidiu
suspender, com efeitos
imediatos, a consignação
dos portos de Ana
Chaves, Fernão Dias e da
ilha do Príncipe feita
pelo XVII Governo
Constitucional a favor
da empresa Safebond
Company Limited",
anunciou hoje o
executivo liderado por
Patrice Trovoada (Ação
Democrática Independente
- ADI), no final de uma
reunião do Conselho de
Ministros.
A Unidade Técnica de
Apoio às Parcerias
Público-Privadas (UTAP)
deverá ainda "retomar as
negociações" com a
empresa, num prazo
máximo de seis meses,
"sem prejuízo das
alterações que se
reportarem necessárias à
salvaguarda do
equilíbrio financeiro do
contrato, das condições
mais vantajosas para o
Estado e do interesse
público", lê-se no
comunicado do Conselho
de Ministros.
"Durante o período da
suspensão, as
atribuições de gestão
dos portos de Ana Chaves
e do Príncipe, bem como
da empresa Enaport
[empresa pública
responsável pela gestão
dos portos] ficam a
cargo de uma comissão" a
nomear pelo Governo,
refere ainda. Na decisão
de hoje, o Governo de
Patrice Trovoada
assinala que o Tribunal
de Contas deu um visto
condicional à minuta de
contrato e impôs
alterações que não foram
introduzidas.
A suspensão também se
deve, acrescenta, à
necessidade de incluir
"outras condições que
concorrem para a
salvaguarda do interesse
público e do
reconhecimento formal da
eficácia do respetivo
contrato" e para
"garantir o correto
funcionamento dos
portos". Além disso,
refere, após a concessão
do visto do Tribunal de
Contas, até agora "não
foi celebrada qualquer
escritura ou contrato
final".
O contrato, que prevê a
entrega ao consórcio
ganês Safebond da gestão
dos portos de Ana Chaves
e Fernão Dias (por
construir), na ilha de
São Tomé, e da ilha do
Príncipe, ficou marcado
pela polémica, por ter
sido assinado pelo
Governo de Jorge Bom
Jesus (Movimento de
Libertação de São Tomé e
Príncipe/Partido Social
Democrata - MLSTP/PSD)
já após as eleições
legislativas de 25 de
setembro, que a ADI
venceu com maioria
absoluta.
A ADI denunciou então a
privatização dos portos
por 30 anos pelo Governo
cessante e avisou que
não assumirá
"compromissos
fraudulentos" e que
prejudiquem o país. Por
outro lado, o governo da
região autónoma do
Príncipe contestou a
concessão do porto
regional por São Tomé ao
consórcio Safebond,
sublinhando desconhecer
o acordo, que disse
"violar de forma
grosseira o estatuto
político" da ilha.
O Ministério Público
são-tomense pediu a
anulação do visto do
Tribunal de Contas ao
negócio, alegando "vício
de forma e vício na
tomada de decisão", mas
aquele tribunal rejeitou
a iniciativa, que
classificou como uma
"tentativa de uma ação
inoportuna". Por seu
lado, o MLSTP/PSD
defendeu que a concessão
"seguiu todos os
trâmites legais".
Lusa