PCD- CONFERÊNCIA DE IMPRENSA
Conferência de Imprensa
Sobre a Situação Política,
Económica e Social em São
Tomé e Príncipe
28.04.2017 -
A Direção do Partido de
Convergência Democrática tem
acompanhado com atenção a
situação política, económica
e social de São Tomé e
Príncipe e constata com
preocupação haver muito
palavreado da parte do atual
Governo, quando este não tem
sido capaz de encontrar
respostas ás necessidades
básicas da nossa população
e, o que é pior, não tem
conseguido apresentar
propostas de soluções
sustentáveis a médio prazo,
que possam traduzir-se num
sinal plausível de esperança
em relação ao futuro.
A agenda de transformação,
que tem sido propalada como
a bandeira da esperança do
Governo, não tem passado
senão de mero instrumento de
propaganda política do
Primeiro-ministro, e é
conhecida por uma grande
parte dos santomenses.
O fracasso governativo não
pode continuar a ser
justificado com o desempenho
de governos anteriores, com
a crise financeira
internacional, e muito menos
com a retórica em que o país
não produz.
O PCD, gostaria de lembrar
ao Sr. Primeiro-Ministro, ao
seu elenco, que STP sempre
dependeu da ajuda externa,
que nem sempre foram
disponibilizadas em tempo
útil , em montantes
necessários. A atual crise
financeira internacional que
não começou hoje, se arrasta
a quase 10 anos, e todos
anteriores governos tiveram
que lidar com ela. Portanto,
quando foi prometido o arroz
de treze contos ao nosso
povo, quando foi prometido
de transformar STP
rapidamente em Dubai, sabia
das limitações do país e da
sua forte dependência
financeira, em relação aos
parceiros de cooperação.
Por isso mesmo, é urgente
que o poder deixe de
lamentações, deixe de
justiçar o seu fracasso com
o passado, um passado do
qual o Primeiro-Ministro
teve e tem grandes
responsabilidades, uma vez
que exercera durante vários
anos cargos importantes ao
nível do Estado em São Tomé
e Príncipe.
O atual Governo, tem uma
base parlamentar de apoio
com maioria absoluta, tem o
controlo de todos os
poderes, tem um Chefe que,
ao contrário de outros, é
Primeiro-Ministro pela
terceira vez e ao contrário
dos Governos que o seu
partido integrou tem, da
parte da oposição,
tranquilidade suficiente
para resolver os problemas
da população. É isto que o
povo espera; que as vidas
das pessoas mudem para
melhor, e o país possa sair
do marasmo em que se
encontra.
Mas, o que se constata, é
que ao contrário do que foi
prometido nas campanhas
eleitorais, a vida para a
grande maioria dos
santomenses está muito mais
difícil.
A população se confronta com
um aumento de custo de vida,
agravada seriamente por
impostos acrescidos de forma
brutal em alguns caso até
1000%, sem as devidas
medidas compensatórias.
Um caso para reflexão, é que
se assiste a uma política
deliberada de empobrecimento
da classe média, e do setor
privado nacional a pretexto
de se defender o chamado
povo pequeno mais
paradoxalmente é o povo
pequeno que tem carregado
com o maior fardo da pobreza
neste país.
O desemprego atinge de forma
violenta os jovens e a
maioria das pessoas está
ficando cada vez mais pobre.
A energia é considerada um
pilar importante para
incentivar o processo de
desenvolvimento e o Sr.
Primeiro-Ministro no início
de 2016 teria garantido que
o problema estaria resolvido
até Junho/Julho do ano
transato, mas ao contrário,
a situação priorou e quando
se esperavam mudanças no
setor, os apagões
continuaram, pese embora os
investimentos anunciados.
A incapacidade do Governo
lidar com o setor da
justiça, segurança e ordem
interna, é notória: No que
concerne a justiça, o PCD
tem acompanhado com
apreensão as reivindicações
em vários sectores mormente
o desenrolar da greve nos
tribunais e considera que é
possível, através do
diálogo construtivo,
avançar-se urgentemente para
uma solução. O PCD encoraja
á negociações sérias e
conciliatórias entre as
partes para que quão breve
seja possível se ponha termo
a propaganda greve que
prejudica gravemente as
liberdades dos cidadãos a
contas com a Lei e os
legítimos direitos dos que
procuram os serviços da
Justiça em São Tomé e
Príncipe não se devendo
esquecer dos operadores
económicos cujos
investimentos estão
fortemente dependentes de
uma justiça célere e
credível.
A segurança está cada vez
mais frágil face ao aumento
da criminalidade: a
população queixa-se roubo,
de assaltos, inclusive á mão
armada. Os pequenos
agricultores queixam-se de
furtos nas suas parcelas,
assiste-se a um aumento de
crimes violentos, os setores
da justiça, da ordem interna
queixam-se da falta de
meios. Tudo isso ameaça a
nossa vivência democrática.
Quanto á segurança, o PCD
acompanhou com enorme
preocupação a mais recente
novela entre os agentes da
polícia nacional os agentes
da UPDE, duas forças sob
Comando de um mesmo
Ministro, por causa de
apreensão de uma viatura,
por sinal viatura de
ex-presidente Miguel
Trovoada, que culminou com a
demissão do Comandante Grela
da Polícia Nacional. A razão
apresentada para a demissão
do comandante geral da
polícia nacional como sendo
falta de mando deveria
conduzir em primeiro lugar a
demissão do ministro de
tutela por falta de
autoridade e por não ter
conseguido sequer entrar na
sede do comando da polícia
nacional pra conversações
com as autoridades
policiais.
O setor da saúde parece
estar abandonado a sua
sorte. As administrações
queixam-se de penúria de
meios para fazer face aos
problemas emergentes. A
incapacidade de negociar com
parceiros importantes
mormente o Projeto de Saúde
para Todos veio contribuir
para agravar a já penosa
prestação de cuidados de
saúde, situação que poderia
ter sido resolvida com
diálogo e bom senso.
O estado da cidade capital é
uma vergonha pública. O mau
funcionamento dos esgotos,
as ruas cada vez mais
esburacadas, o lixo
espalhado por várias
artérias da capital,
contrastam com as pomposas
imagens que nos vêm
além-mar, de países para
onde Sua excelência o Sr.
Primeiro-ministro viaja
inúmeras vezes gastando
dinheiro público sem
resultados palpáveis,
dinheiro que poderia ser
utilizado para resolução do
problemas que afetam o setor
social.
Face a tudo isto o governo
informou que um orçamento
retificativo deverá ser
remetido a assembleia para
aprovação. Pergunta-se. Qual
deles? O orçamento que fora
contestado pelos partidos de
oposição por entenderem que
as verbas nelas inscritas
careciam de sustentabilidade
ou o que foi erroneamente
promulgado pelo Presidente
da República?
O PCD manifesta a sua
solidariedade para com a
população da Região Autónoma
do Príncipe e para com as
Autoridades Regionais nesta
ocasião em que, ao contrário
do que fora acordado entre o
partido do Governo e a
população do Príncipe, o
orçamento da Região Autónoma
contempla a mais reduzida
verba dos últimos dez anos.
A propósito, enquanto
presidente do PCD, eu exorto
o Governo a cumprir com as
promessas feitas durante as
legislativas, aumentando a
transferência de fundos das
finanças centrais para RAP
de modo a evitar prejuízos
consideráveis á RAP.
Enfim, o PCD tem olhado com
muita apreensão para a
direção em que a democracia
pela qual lutamos está a
caminhar. Uma nova forma de
violência, cínica,
hipócrita, imoral, e
que vem da parte do poder,
está tomando dimensões
alarmantes em STP. Durante a
nossa vivência em democracia
nunca um regime condicionou
tanto o livre envolvimento
político do cidadão como
este que o atual governo
pretende estabelecer em São
Tomé e Príncipe. A
estratégia consiste em, a
medida do possível, asfixiar
financeiramente os que não
têm a mesma cor política do
partido no poder, acenar
cargos do Estado a troco de
benefícios financeiros ou a
troco de militância do
partido da situação, manter
alguns na expectativa com
promessas que não se
concretizam, promover de
forma descarada o
clientelismo político e
fazer crer que foi sempre
assim, o que não é verdade.
Em democracia o
contraditório político deve
ser encorajado, as
diferenças de opinião ou de
militância devem ser
respeitadas e não podem de
modo algum condicionar o
mérito, contribuir motivo de
retaliação, nem de
destruição de oportunidades
para que o cidadão possa
crescer, socialmente. Mas de
facto o que temos vindo a
assistir é que estar próximo
da oposição para muitos
tornou-se arriscado.
Compatriotas, essa forma de
relação social, essa atitude
para com os cidadãos
nacionais foi importada e
não é nossa, devendo assim
ser banida da nossa relação
social. A este propósito o
PCD exorta os cidadãos
são-tomenses a não se
sentirem estrangeiros na sua
própria pátria. O cidadão
não pode continuar a viver
um clima de medo devido a
suas convicções políticas.
Por isso, para o bem de STP
e de todos, eu exorto a que
os meus compatriotas se
engajem num combate político
sério contra a consolidação
de uma deriva totalitária
que divide os são-tomenses,
mina as sinergias e atrasa o
desenvolvimento.
O PCD insta o partido no
poder a rever a sua atitude
para que o país não venha a
colher frutos amargos de uma
relação social que poderia
ter sido evitada.
Nesse contexto o PCD insta o
Primeiro-Ministro e o seu
Governo a trabalharem com
seriedade para travar os
graves problemas que afligem
a vida da nossa população,
afetam o direito dos
trabalhadores o põem em
causa a paz e a
tranquilidade em São Tomé e
Príncipe.
Muito obrigado pela atenção!
Um bem-haja a todos.
Feito em S. Tomé e Príncipe,
ao 27 de Abril de 2017
O Presidente
Dr. Arlindo Vicente de
Carvalho
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